sábado, 29 de agosto de 2009

To "be"


O choro é uma necessidade humana a que muitos estamos acostumados. As lágrimas funcionam como uma descarga emocional de topo… Correspondem ao nosso limite de sentimento. No fim desse momento ficamos, normalmente, aliviados… reconfortados, nem que por simples segundos. Aí as coisas parecem ter sentido. Tudo parece ter um modo de pertencer ao meio.

Há, no entanto, aqueles dias em que nada parece ter sentido. Por vezes… em vez de um dia, temos uma semana assim. É simplesmente frustrante viver desta forma. Aquela dor no peito… aquele insuportável sufoco, aquela necessidade terrível de podermos explodir.

A saudade é capaz de despertar esse tipo se sentimentos, assim como esse tipo de vivências. Uma pessoa apaixonada é como um comboio de alta velocidade. Funciona de um modo perfeito… a não ser que as linhas estejam danificadas. Aí… tudo descarrila. Ocorre aquela explosão de sentimentos… de coisas que nunca diríamos em estado lúcido mas que, naquele preciso momento, precisamos deixar escapar.

A maioria de nós vive com a ideia de que mais tarde ou mais cedo, iremos conhecer a pessoa que nos faz feliz. A nossa cara-metade. No entanto, a espera prolonga-se e a decisão adia-se. E, curiosamente, essa ânsia em conhecer a pessoa “perfeita” apenas faz com que seja ainda mais difícil para nós a encontrar. Vamos estabelecendo cada vez padrões mais altos, padrões que nem nós conseguimos acompanhar. Sim, é certo. É um facto estranho… mas a realidade é mesmo assim! Surpreendente!

Então, ao longo da vida, esconde-mo-nos cada vez mais, abstraindo-nos de tudo o que é realidade…. Prende-mo-nos no mundo da ficção e da imaginação que, mesmo sendo algo indispensável, não é tão importante como a nossa verdadeira vida. Certo é que o homem sem imaginação estaria anos-luz atrás em termos evolutivos… mas sobreviria! No entanto… a vida sem realidade… não é vida. É como viver numa prisão sem portas… e, quando vemos as portas… elas não têm fechaduras.

Saímos então para o chamado “mundo real”. Sim, aquele das decepções, da tristeza, do remorso, do arrependimento. Mas, aí, nunca perdemos a percepção do que realmente somos ou podemos ser. Não no sentido de nos conhecermos… mas no sentido de sabermos aquilo em que nos transformarmos. Todos temos algo que nos faz únicos. E, se procurarmos, essa é uma resposta que podemos sempre obter. Basta querermos procurar…sem receios da solução do enigma.

Pode o céu estar repleto de nuvens, os raios caírem constantemente, a chuva bater incessantemente…. Mas, aí, não teremos medo de descer as escadas e caminhar descalços sobre o chão molhado. Porquê? Porque vivemos e não precisamos de ser ensinados. É nosso. Aí, talvez percebamos que a aurora já chegou e que nós éramos aqueles que não a queríamos presenciar. Na realidade, não estávamos preparados para ela. Talvez tenha chegado o momento pelo qual esperavamos já há largos anos. Chegou a altura de existirmos. Sem medo do que nos espera, sem receio do que aconteça. Apenas… ser.