sábado, 29 de agosto de 2009

To "be"


O choro é uma necessidade humana a que muitos estamos acostumados. As lágrimas funcionam como uma descarga emocional de topo… Correspondem ao nosso limite de sentimento. No fim desse momento ficamos, normalmente, aliviados… reconfortados, nem que por simples segundos. Aí as coisas parecem ter sentido. Tudo parece ter um modo de pertencer ao meio.

Há, no entanto, aqueles dias em que nada parece ter sentido. Por vezes… em vez de um dia, temos uma semana assim. É simplesmente frustrante viver desta forma. Aquela dor no peito… aquele insuportável sufoco, aquela necessidade terrível de podermos explodir.

A saudade é capaz de despertar esse tipo se sentimentos, assim como esse tipo de vivências. Uma pessoa apaixonada é como um comboio de alta velocidade. Funciona de um modo perfeito… a não ser que as linhas estejam danificadas. Aí… tudo descarrila. Ocorre aquela explosão de sentimentos… de coisas que nunca diríamos em estado lúcido mas que, naquele preciso momento, precisamos deixar escapar.

A maioria de nós vive com a ideia de que mais tarde ou mais cedo, iremos conhecer a pessoa que nos faz feliz. A nossa cara-metade. No entanto, a espera prolonga-se e a decisão adia-se. E, curiosamente, essa ânsia em conhecer a pessoa “perfeita” apenas faz com que seja ainda mais difícil para nós a encontrar. Vamos estabelecendo cada vez padrões mais altos, padrões que nem nós conseguimos acompanhar. Sim, é certo. É um facto estranho… mas a realidade é mesmo assim! Surpreendente!

Então, ao longo da vida, esconde-mo-nos cada vez mais, abstraindo-nos de tudo o que é realidade…. Prende-mo-nos no mundo da ficção e da imaginação que, mesmo sendo algo indispensável, não é tão importante como a nossa verdadeira vida. Certo é que o homem sem imaginação estaria anos-luz atrás em termos evolutivos… mas sobreviria! No entanto… a vida sem realidade… não é vida. É como viver numa prisão sem portas… e, quando vemos as portas… elas não têm fechaduras.

Saímos então para o chamado “mundo real”. Sim, aquele das decepções, da tristeza, do remorso, do arrependimento. Mas, aí, nunca perdemos a percepção do que realmente somos ou podemos ser. Não no sentido de nos conhecermos… mas no sentido de sabermos aquilo em que nos transformarmos. Todos temos algo que nos faz únicos. E, se procurarmos, essa é uma resposta que podemos sempre obter. Basta querermos procurar…sem receios da solução do enigma.

Pode o céu estar repleto de nuvens, os raios caírem constantemente, a chuva bater incessantemente…. Mas, aí, não teremos medo de descer as escadas e caminhar descalços sobre o chão molhado. Porquê? Porque vivemos e não precisamos de ser ensinados. É nosso. Aí, talvez percebamos que a aurora já chegou e que nós éramos aqueles que não a queríamos presenciar. Na realidade, não estávamos preparados para ela. Talvez tenha chegado o momento pelo qual esperavamos já há largos anos. Chegou a altura de existirmos. Sem medo do que nos espera, sem receio do que aconteça. Apenas… ser.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Obrigado. Um ano nosso.

Admito, enquanto pensava o que escrever sobre um ano de amizade única, fui tentado a adoptar um discurso optimista sobre a vida e tudo o que ela significa... Mas, como sabes, isso não sou eu.

Limpa as lágrimas, sê forte. Enche o peito de ar. Sente. Custa-me ser como sou contigo... porque, ao contrário do que acontece com quase todos, se pudesse, deixava-te entrar no meu mundo. Mas, tu própria o disseste, apesar de me aceitares, muitas vezes não me compreendes. Eu sei que para ti algo falta... Mas também sei que para mim, às vezes, é suficiente.

És daquelas pessoas que vivem de sentimentos. Negativos ou positivos...às vezes, até para ti é difícil distinguir... Infelizmente, quando se trata de sentimentos, eu sou muito pouco. Necessito de quantidades paupérrimas para preencher o meu pequenino coração. Daí, a frieza que muitas vezes encontras comigo. Porque às vezes, para mim, o calor que tu tens é algo simplesmente descabido... algo parvo que não se deve ter em conta. O que eu ignoro... é que o tamanho de um coração nunca deve ser subestimado.

Mas, sabes, talvez sejam estas diferenças que nos fazem especiais. Porque são grandes diferenças! E, enquanto nos habituamos (facilmente, na maioria das vezes) a viver com elas... crescemos muito. Torna-mo-nos melhores seres humanos. Torna-mo-nos melhores amigos.

Compreendo a tua frustração e a tua necessidade de presença física... Este é um daqueles casos em que posso mesmo dizer... "Once upon a time...", porque eu também já fui assim... E tenho saudades disso! A verdade é que tu sabes como a minha vida tem sido nos últimos tempos, mas, também, isso nem serve como desculpa.

Talvez o problema seja eu. Eu e as minhas ideologias idioticamente tendencialmente verdadeiras. Porque, desde o dia em que eu nasci... foi na presença física que todas as minhas amizades se esvoaçaram. Sim! Eu sei que tu vais achar que connosco não é assim! Que somos diferentes! E, até, talvez sejamos. O problema é que não estou preparado para abdicar de nós. Um nós tão eu e tu e tão tu e só, às vezes. Por isso, peço desculpa.

Deixa-me escrever sobre o que nunca escrevi. Deixa-me contar uma história sobre alguém que ninguém conhece.

Custa-me pensar que poucos, hoje em dia, têm a infância que eu tive. O brincar todos os dias no campo... O deitar sobre o centeio, passar as mãos nas pontas e sentir-me natureza. Tinha, naqueles tempos, um sítio onde pertencia. Não precisava de tecnologia para ser feliz. Precisava de sol, chuva, terra, vento... calor, frio! Eu, vivia!

Cresci e tornei-me, à custa de coisas nada bonitas, mas inevitáveis, a pessoa que sou hoje. Alguém que provavelmente parece uma criança de 12 anos quando falas com ele mas que tem lá dentro escondido um adulto de 30 anos. Alguém que olha para pessoas de 28 anos e as acha ridículas porque, na verdade, não sabem o que é a vida.

Não sei sobre o que escrevo, mais. Comecei a escrever sobre uma amizade e acabei a escrever sobre o mundo.

Essa, amiga, é a minha sina. E, apesar de me custar viver com ela, tenho a impressão que te custa mais a ti, que não vives assim, do que a mim que o faço dia após dia. Tu, de uma forma estranha, sofres por mim. E, por isso, peço desculpa.

E, desculpa também por este projecto de texto... Mas, hoje, não consigo mais. Não hoje, não assim.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Through our minds


Memórias são como remoinhos. Vão e voltam. Tento compreender a incrível tarefa que é esquecer o sofrimento, a dor... Hoje, falei com uma pessoa sobre temas que nunca pensei falar, numa fase tão precoce de uma amizade. Sim, porque uma amizade constrói-se sobre bases sólidas e fundações firmes... mas, cada uma delas... tem o seu tempo.

Lembrei os meus tempos de sofrimento puro. Aquela agonia que é viver com a corda no pescoço... O vislumbrar daquela memória num acto rotineiro... O relembrar de algo por simplesmente nos contarem uma história estúpida. É ter um dia em que cada acto, pensamento ou sentimento teu relembra passados recentes no nosso coração.

Gosto de acreditar que ultrapassar esses dias é, além de difícil, como é óbvio... uma questão de controlo. Porque, apesar de cada dia que vivemos nos fazer crer que pouco controlamos no que nos diz respeito... isso não é bem assim. Nós controlamos a nossa vida, se assim desejarmos... Contudo, nem sempre estamos dispostos ao que isso arrasta. Coisas como responsabilidade, consciência e maturidade.

Muitos afirmam que desejam crescer... Mas, no entanto, tudo o que fazem é dedicado a fugir desse mesmo objectivo. É por isso que eu admiro pessoas como tu. É a necessidade de, no meio da brincadeira, do sorriso, da gargalhada... ver a evolução que tens e tentas (penso eu).

Enfim, enquanto pensava como compreender o sofrimento e a dor... apercebi-me, de forma saloia... que tal acto apenas prolonga o que quero compreender. Porque há coisas que não foram criadas para compreender... mas para sentir. No seu tempo! Sem pressa de fugir do abismo porque o podemos escavar ainda mais mas, também, sem masoquismo. Porque a ponte entre os dois é extremamente ténue e a linha que os une... untada pelos laços da incerteza. A incerteza sobre aquilo que somos e aquilo que sentimos. Ou, melhor, na maioria das vezes... a dúvida sobre aquilo que poderíamos ser de forma a sentir algo tão utópico quanto a questão da origem.

E, por aqui me fico... Porque as palavras são ténues e a mente é brilhante... ou não nascesse o sol daqui a alguns minutos.

Obrigado Lili (é estranho este nome e ainda me vais explicar o porquê dele...) pelo prazer da tua companhia... E, talvez... este seja aquele que vais conhecer!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Prólogo

Bem, quando comecei este blog, foi no sentido de partilhar o que gosto de fazer com pessoas que não me conhecem (sorry Lu!! :( )...

Para quem não sabe, eu escrevi um livro e estou a arranjar apoios para pagar a minha parte da edição... já que é esse o contrato que quase todas as editoras exigem hoje em dia...

Deixo aqui o prólogo do livro que comecei a escrever há algum tempo... :)

"Por muito que passemos durante a vida nunca vamos ter a certeza que isso é passado. Quando superamos? Quando estamos dispostos a seguir uma vida diferente? Um novo rumo?

Podemos simplificar e afirmar que o passado é sobrevalorizado. Damos demasiada importância ao passado, quando o presente esbarra connosco na rua. Perdemos oportunidades de conhecer pessoas ou coisas que nos poderiam fazer imensamente felizes.

Lembro-me daquele dia, quando ouvi a chuva bater estrondosamente no telhado e senti a necessidade súbita de fazer algo louco. Saí da varanda semi-nu. Comecei a descer as escadas, enquanto a água escorria pelos meus cabelos.

Andei quilómetros, desejando que a nova vida que procurava fosse algo diferente e nunca triste ou monótona. Queria aventura. Procurei uma nova casa.

Hoje, quando penso na história que vivi, na primeira pessoa, fico contente por saber que cada passo que dei, seguro ou receoso… foi algo que me tornou no homem que sou hoje. E, disso, orgulho-me.

Talvez, até, um dia… esta deixe de ser a história do sem abrigo e passe a ser a história do homem que tentou vencer o Destino. Porque, se alguma vez acreditasse que a Sorte tinha algo mau reservado para mim… esse seria o dia em que perderia a vida e, inefavelmente, a esperança."

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Puzzle!


Hoje sonhei que me encontrava em queda livre. Acordei transpirado, ainda com medo de cair. Deixei-me ficar na cama por mais uns minutos, de modo a acalmar a minha mente.

Ando tão confuso, mesmo sem me aperceber disso... As minhas atitudes são estúpidas e os meus actos confusos. Ou, então, talvez esta seja a forma de mostrar a mim próprio que não vivo sozinho, como pensava fazer.

Ontem, na brincadeira, disse que tenho três vícios: o álcool, o tabaco e o egocentrismo. Há brincadeiras que dizem muito sobre nós mesmos... Se me pedissem para reformular isso neste momento, só acrescentaria um ponto.

Na realidade, tenho quatro vícios! O álcool, o tabaco, o egocentrismo e o amor.

Engraçado como frases nos marcam e massacram a mente. Porque coisas que disse na brincadeira assumem-se, agora, como possibilidades reais.

Outras, contudo, assumem-se como coisas absurdas quando pensadas com calma. Há mesmo coisa estranha em mim!

Eu queria ser mais simpático, mais engraçado, mais bonito, mais...! Claro que queria! O facto de gostar de mim como sou não me faz perfeito! Mas não sou!

Não caio no mesmo erro que muita gente que me conhece... De acreditar que aquilo que vê é aquilo que sou. Mas às vezes, gostaria que acreditassem nisso. Facilita-me a vida. Faz-me constante comigo e inconstante com a vida. Embora a vida não seja uma linha recta, eu poderia ser menos curvo.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Love (or not) *** stupid thoughts


Estava sentado no calor, quando uma brisa me reconfortou e me fez ter esperança. Então, resolvi escrever sobre o amor (ou não).

Curiosamente, não fiquei nervoso, nem tão pouco ansioso pelo momento em que a ia ver, mesmo sabendo que fazia mais de uma semana desde a última vez que os nosso olhares se cruzaram.

Reflecti sobre o que isso significaria. A derrota exterior tinha sido admitida fazia já muito tempo... No entanto, interiormente, os meus sentimentos ainda batalhavam... Não é fácil esquecer uma paixão, mesmo que esta seja algo que cogitei como passageiro.

Com tudo isto, aproximei-me de outras pessoas que, possivelmente, têm mais potencial como seres humanos do que a minha irremediável perdição. No entanto, senti-me na necessidade de por as coisas boas de parte e deixar navegar tudo o que era negativo... A introspecção estava virada para a negatividade, mais uma vez.

A minha busca pressegue fantasmas antigos, esquecidos já pela parte da minha alma que faz dos sentimentos algo pequenino, algo...quantificável.

Contudo, sabes, o meu coração não se consegue medir! Tudo o que senti importou! E sempre vai importar! Não me preocupa que estrague o que poderia ser uma amizade razoável... se achar (como agora!) que perdi o que nos fazia especiais.

Busco o que penso ser o amor platónico. Apercebo-me hoje que te perdi na margem das águas que nunca me deixas-te navegar. Não me deixas-te mostrar como tudo o que fazia era baseado no objectivo que eramos e nunca voltaremos a ser.

Perdi-te! Mas achei-me... Não sei até quando... mas não importa. O que importa é que o passado não volta a ser presente e nunca mais te vou conjugar no futuro do meu coração.

(Ou não...)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Solidão


Dias difíceis são como a metáfora do insucesso e da tristeza. Dias difíceis fazem-nos aprender, mesmo quando não queremos.

O dia começa bem cedo, deixo a minha mãe no hospital, acompanho-a no internamento... Chega uma altura que não aguento e regresso a casa. Engraçada a forma como não suporto hospitais depois de ter andado por lá durante um ano.

Curiosidades à parte, deixei a minha mente vaguear... Sentia saudade daqueles momentos em que a introspecção é o que me faz respirar. Momentos em que me sinto tão só, mesmo com os três melhores amigos do meu lado. Tão acompanhado e tão só.

A solidão é a arte que carrega os olhos de lágrimas e nos faz sentir que a infelicidade é a Sorte, rumo e Fado. Sinto-me só. Não sei porquê. Já não sou o que era. Voltei ao André que vive do pensamento e da tentativa infinita de resolver os problemas do mundo.

Por momentos, encontro a paz naquela música que me lembra do que senti no passado. As lágrimas escorrem como se a única resposta para mim fosse a conformação e resignação à vida que tenho.

Critico quem pensa como eu... porque acho que o mundo não pode ser tão triste quanto eu. O mundo deveria ser um mar de sorrisos, de mergulhos disparatados e irreflectidos de modo a que a dúvida se mantivesse na nossa mente.

Porque foi a dúvida que criou tudo o que é bom, até aquela coisa abstrata chamada "amor".

Agora? Agora vou deixar a minha alma divagar e passear entre os vales sombrios. Pode ser que encontre a paz e as respostas que tanto necessito.

Paz, esconde-te. Vou procurar-te entre o rio frio e monótono que é a minha vida. Prepara-te para o meu inconformismo e a minha incerteza. Porque ela vai chegar e não será de modo suave.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Mudança


Há dias estranhos.

Ontem, foi um deles. Acordei contrariado, almocei sem vontade, olhei sem atenção. Ontem, pensei em tudo o que tem acontecido comigo nos últimos meses. Tanto mudou...

Eu, que escrevo sobre racionalidade e firmeza de decisões, fiz à poucos dias a candidatura ao terceiro curso diferente. É verdade que também escrevo muito sobre dúvida... Mas, ainda assim, nunca me imaginei o tipo de pessoa que precisa de três anos para achar aquilo que ama verdadeiramente.

Há quem diga que desperdiço a minha média... A verdade é que foi muito à custa desse pensamento que eu me vi em Análises Clínicas. Depois, fui também influenciado na segunda escolha. O trabalho está saturado, por isso mudei para algo com saída... Engenharia Informática. Tudo a ver.

Nestes anos, pouca gente me perguntou... o que é que gostas de fazer?

Essa era a pergunta que me deveria ser feita... E para a qual tenho resposta agora.

Nunca estive tão ansioso pelo início das aulas! Sinto uma necessidade tremenda de aprender! Porque vou aprender a fazer melhor o que amo.

As outras mudanças ficam para outro post... Já me sinto diferente, só de reflectir (novamente) sobre isto.

Beijinhos e obrigado a quem me tem seguido nesta fase precoce do blog.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Searching...


Todos buscamos algo especial neste misterioso mundo. Queremos encontrar aquilo que nos faz completos, felizes, realizados… Se tivéssemos de reduzir a nossa vida a algo, teria de ser a essa busca… Quando conhecemos alguém, queremos ver o melhor dela e, naturalmente, procurar aquela característica que tanto necessitamos. Alguns precisam de excentricidade, outros requerem segurança e estabilidade…outros buscam o interior ideal e perfeito. No entanto, há aquela pequena parcela que não sabe do que precisa para viver uma vida eterna na sua durabilidade.

O primeiro olhar é sempre marcante. Num pequeno instante, podemos determinar uma pessoa como ideal ou, se a má impressão surgir, como alguém a evitar. Muitas vezes estamos enganados. Apesar de o olhar de certa pessoa contar muito acerca dela, imensas pessoas escondem a sua essência… motivadas por razões indeterminadas mas, na sua maioria, razoáveis.

Quem não sabe aquilo que procura, normalmente, tenta ver o melhor da pessoa e enquadrá-la com o seu modo de viver e, essencialmente, ser. Vê determinadas características como ideais à sua personalidade e, posteriormente, tenta seduzir a pessoa de modo a criar uma relação de amizade ou, se possível… algo mais.

O nosso coração aumenta o número de contracções quando descobrimos que aquela pessoa… é a nossa alma-gémea. Claro que, numa primeira observação, almas-gémeas são um sonho, uma miragem… coisa de filmes e da não realidade. Contudo, que caracterização podemos fazer de alguém que faz sobressair a nossa personalidade natural… junto com todos os nossos grandes defeitos e todas as grande qualidades?

Alguém que nos faz, na verdadeira essência, ser! Qualificamos como… irreal? Sim, pois esse é o sonho de qualquer pessoa. Encontrar aquele ou aquela com quem podemos ser nós próprios sem esboçar o mínimo esforço.

Quero ser, sentir… viver em verdadeira liberdade. Cometer loucuras… acalmar tempestades… Destruir o ódio, a frustração. Fazer do amor a nossa lição e modo de vida. Ver alguém que considerávamos, no passado, um inimigo e, ainda assim, cumprimentá-lo e preocupar-mo-nos com o seu bem-estar e felicidade. O mundo ideal é um sonho… No entanto, nós contribuímos de forma exasperante para que esse sonho se torne a verdadeira utopia inalcançável.

Ser e Sentir


Eu nasci para ser feliz. Cresci para poder viver. Ergo-me, hoje, para poder sentir, amar e ser amado. A lua permanece suspensa, assim como a minha respiração, quando penso que a vida até podia ser perfeita. Soa a chuva nas telhas, sopra o vento. Forte, tenebroso. As janelas vibram, o chão estremece e, estranhamente, tudo começa a fazer sentido.

A minha vida não é um teste. É aquilo que eu quero que seja. Quero amar. Quero amar, beijar e, acima de tudo, ser feliz. Mas, mais que tudo, quero fazer-te feliz. A ti e a todos os que te rodeiam e todos os que conhecem esses. Quero tornar o mundo em algo melhor, algo bom, algo digno da nossa alegria.

A chuva cessou e o vento parou. Um calor estranho invade o meu quarto e faz-me pensar que não posso ter aquilo que desejo. A esperança foge e a nostalgia dos meus sonhos começa a parecer mais constante. O choro chega com lágrimas abundantes e gritos arrepiantes. A vida começa a parecer menos perfeita.

Sabes, eu largo sorrisos, solto lágrimas e percebo que nunca vou ser perfeito. Percebo que, por mais que queira, outras pessoas nunca serão perfeitas e eu, irremediavelmente, continuo a amá-las, porque preciso delas. Alimentam meu ser, fazem ser quem sou. Não há solução. Tenho orgulho naquilo que me tornei.

O verdadeiro eu solta-se por cinco minutos. Eis que a verdadeira essência do meu ser se manifesta e se esconde, logo de seguida. Tímida e receosa. Tem medo do mundo e da sua incompreensão. Medo do seu ódio e da sua ignorância.

Preciso encontrar o meu porto seguro e rebaixar meus olhos junto dela, ficar aconchegado, pensando nela porque, simplesmente, graças a isso, continuo a viver e a ser feliz, nem que seja por cinco simples minutos. Minutos são suficientes para viver mais do que uma vida. Na nossa mente, o amor é algo fantástico e perpétuo.

Felizmente, amo.

domingo, 9 de agosto de 2009

Lágrima

Às vezes somos tentados a fazer um discurso pessimista sobre a vida. A sua incerteza irrita-nos, senti-mo-nos incomodados pela sua peculiar variação. Na verdade, somos todos pequenos insectos comparados com tudo o que nos rodeia. No entanto, mesmo o mais pequeno e insignificante dos insectos é essencial para o equilíbrio de uma natureza a que também nós pertencemos.

Ultimamente, somos tentados a tentar expandir horizontes, explorar novas ideias, ignorando o facto que sempre teremos algum tipo de limitações. Esses limites, aliás, são criados por nós para estabelecer o que é normal e o que é estranho. Uma forma curiosa de definir o que conseguimos fazer e aquilo que sonhamos fazer.
Simplesmente, a maioria de nós passa ao lado do melhor que este mundo nos pode oferecer. Em sentimentos e sensações.

A criança acorda bem cedo, curiosa por toda aquela luz que vem da janela. Levanta-se sem pensar, corre até à porta e sai. Sente-se maravilhada por toda aquela beleza. O sol ilumina o vale e a criança atreve-se a dar mais uns passos. Entra no campo de centeio e passa as suas ténues e inocentes mãos nas sementes. Sente-se feliz por poder viver. Não pergunta porque vive. Apenas… vive. Não teremos todos algo a aprender com as crianças? Porque teimamos em perder toda esta vontade de existir numa fase tão precoce? As respostas são desconhecidas e, como todos sabem, só faço estas perguntas porque também eu já perdi toda a inocência que possuí.

A Lena era tudo isto. Ela tornava o impossível em algo vulgar. Não se importava em fazer algo só porque alguém lhe dizia que não era possível. Expandia os horizontes, não por sede de poder, mas por simples curiosidade. Queria viver sempre mais, sentir sempre mais.

Talvez tenhamos todos algo a aprender com ela, pois foi a única pessoa que eu alguma vez conheci que nunca perdeu a curiosidade e a graça de uma criança. Ela deixa um marco em mim e, penso eu, em vós, muito maior do que alguma vez pensou. Ensinou-nos como devemos enfrentar os obstáculos. Com dignidade, simplicidade, verdade e sinceridade.

Ela é alguém que eu não vou precisar recordar. Porquê? Porque pessoas assim não se lembram porque necessitamos. São pessoas que vivem em nós, mesmo sem querermos. São pessoas que amamos e sempre iremos guardar no coração.”.

sábado, 8 de agosto de 2009

Porque sinto e sou...


Sempre sonhei com o dia em que conheceria o mundo. Vivia na ilusão que ia encontrar algo perfeito e harmonioso, com pessoas verdadeiras, sinceras e de bom coração. Um mundo sem maldade ou hipocrisia…

Hoje, como um vidro que atinge o solo e se desfaz em mil e um fragmentos, essa minha ilusão… perdeu-se. Talvez porque a ausência nos faz pensar sobre o que realmente sentimos. Talvez porque aquela conversa nos faz crescer e aperceber de factos que ignorávamos até ali. Talvez, até, porque observamos os erros dos outros e vemos que também nós já passámos essa fronteira.

Abro meus olhos para o mundo e reconheço-o como ele é. Uma pedra de argila ressequida. Prestes a tornar-se pó. Essa é, possivelmente, a melhor metáfora que arranjaremos sobre a nossa existência.

O que senti, naquele momento em que vi uma caixa de madeira embelezada descer até às mãos da eternidade, é indescritível. Porque me fez sentir pequeno demais para tudo isto. As lágrimas, o sofrimento escondido dos mais fortes.

Hoje é o dia em que cheguei a uma conclusão que pode, ou não, mudar a minha vida. Importante é realçar a sua possibilidade… Aquilo que eu sinto… Não é nada! Porque se vivemos na ilusão que os sentimentos não são quantificáveis… enganamo-nos. Podemos não querer quantificar o amor mas deveríamos fazê-lo.

Aí, saberíamos quem nos é importante e quem nos é indispensável. Saberíamos quem são aqueles que se preocupam connosco e aqueles que simplesmente se sentam à margem e vêem a água passar.

Agora? Agora sonho com o dia em que encontrarei o amor perfeito. Porque aprendi a sonhar com esse momento, mesmo acreditando que ele não existe.

Sem esperança, não somos nada.