terça-feira, 24 de novembro de 2009

Simplicity



Hoje, dei por mim, personagem mínima numa sociedade desumana, a pensar que a cor das folhas já não é a mesma. Não por ser Outono, ou até, Inverno! Os meus olhos vêem agora as coisas de forma diferente. Continuo a julgar, a duvidar a sugerir mas, ainda assim, de uma forma diferente.

Finalmente, tive tempo para me aperceber e admitir que estou diferente. Muito diferente. A vida tem tido os seus sorrisos e as suas lágrimas. Talvez as lágrimas tenham sido graves e insuficientes, não sei. Contudo, os sorrisos persistem e fazem-me lutar, dia após dia.

Já não penso tanto em sentimentos... agora, deixo-me ficar pela arte do pensamento e reflectir sobre... o acto de reflexão. Não, não mudei dessa forma. Não me tornei frio. Apenas ganhei um pouco de realismo. Perdi um pouco de auto-estima e um pouquinho daquela mania do protagonismo mas ganhei uma maturidade desmedida. Poderá dizer-se que foi, de facto, um bom investimento!

Não escrevo, hoje, de forma embelezada. Escrevo de forma simples, do mais simples que consigo, talvez. Não que tenha perdido o meu tipo de discurso. Pelo contrário. Aprendi, apenas, que há coisas que devem ser tratadas de uma forma e outras que devem ser tratadas com simplicidade. Se o amor é algo complicado, por mais simples que queiramos ser, nunca iremos sair do complicado. No entanto, a minha mudança é simples. Portanto, trato-a com naturalidade, simplicidade e, acima de tudo, verdade.

Eu aprendi... Apenas desejo que tudo o que faço para que outros aprendam também, não comigo, mas comigo... percebam que as mudanças até são boas às vezes. Não devemos ter medo de crescer. É um processo natural. Aprendemos, aplicamos e, por fim, crescemos.

E é bom que seja assim!

Estive ausente, é certo. Peço desculpa mas, às vezes, é bom deixarmos a rotina.


Beijinhos e Abraços,


André Sá

sábado, 17 de outubro de 2009

Tears across my street


Pedem-me vezes sem conta para acreditar que as pessoas valem a pena o esforço que temos para com elas. Lembro-me bem das conversas de outrora em que conversava sobre sentido da vida e em que discutia o que queria ser quando fosse adulto.

Pois bem, sou adulto.

Não vou mentir e dizer que não sinto necessidade da loucura juvenil e da insanidade dos adolescentes. De vez em quanto, até, regresso a esses tempos e permito-me a um pouco de insanidade. Não tanto de loucura, pois esta tem repercussões um pouco mais graves.

Contudo, nunca, nem em tempos de adolescência abdiquei dos valores da justiça e da verdade, mesmo que isso fosse efectuado em prol de um bem ou conjunto maior. Costuma-se dizer que as paredes têm ouvidos...

A mentira é sempre descoberta. Às vezes, até no acto. Porque o meu estado de mente permite a sensibilização imediata e a descoberta iluminada.

A solução é seguir em frente e sentir que a minha percepção de engano é completamente inexistente. E que a percepção de outrem de manipulação é gigantesca e inexpugnável, ainda que tal seja recíproco.

Às vezes temos de seguir em frente, ainda que tristes.

André Mendes de Sá

domingo, 11 de outubro de 2009

Grita!

Acordei com uma necessidade gigantesca de te pedir algo extremamente inapropriado.

Consertas-me?

Preciso de um arranjo, urgentemente.

Estou danificado. Há já imenso tempo. Talvez a razão pela qual ninguém se aproxime demasiado é o medo de eu fazer este pedido. Arranja-me! Modifica-me! Integra-me!

Não consigo mais viver com uma pena no coração, enterrado junto ao barril de sangue que é o meu sofrimento ocasional e eterno.

Quero que apanhes aquele frasco e me dês, junto com ele, a tua inocência, a tua bondade, a tua gentileza... o teu ser.

Torna-me teu. Torna-te minha.

Talvez um dia signifiquemos algo mais do que mera areia, espalhada na praia sem fim.

Respira, vive e sente.

AMS

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Fixer



Se há momento do qual não temos lembranças, é o nosso sempre nobre nascimento. Nobre pois é uma vida que se depara com o mundo, seja ele qual for. Mais uma consciência que pode vir a fazer a diferença, um dia.

Nasci sem pedir por isso. Involuntariamente, conheci um mundo imperfeito em praticamente todas as vertentes imagináveis. Certo é que, para contar a história do dia em que fui trazido ao mundo, preciso de ajuda. Os relatos são, na sua maioria, inseguros e contraditórios. Mas, não se esperava algo diferente… O nascimento pode ser nobre, mas a vida futura não possuía um pingo de nobreza ou respeito.

A história hipotética diz-nos que a minha mãe era uma toxicodependente que, por medo do aborto, me manteve no seu útero por nove meses. Mas, nem o facto de carregar uma vida humana fez com que largasse vícios tão tacanhos. Diz-se que aprendemos com os erros… Pena que não tenhamos a história dos nossos antepassados na nossa memória… Talvez não repetíssemos esses erros!

Depois de berrar pela primeira de muitas vezes, fui abandonado. A minha progenitora podia estar fraca devido ao parto… mas teve forças suficientes para me largar num caixote do lixo, num beco escuro de Lisboa.

Durante cinco horas permaneci, deitado, chorando… Talvez sentisse falta de aquilo que todos devemos possuir por direito, quando nascemos: amor. O carinho que faz com que o racionalismo com que fomos brindados se sobreponha a um destino de irracionalidade, crime, injúria.

Tudo isto é, obviamente, hipotético. O primeiro verdadeiro facto da minha existência acontece, então, cinco horas após o parto. Um casal de namorados, que procurava um local sossegado para expandir a sua loucura e tensão, ouviu os berros de um bebé e procurou a sua origem.

Como é natural, ficaram chocados como, em finais do século XX, ainda existissem pessoas tão medíocres, a ponto de abandonarem algo tão indefeso… Transportaram-me até ao hospital mais próximo, deixaram os seus dados e saíram. Não da mesma forma, como me contaram décadas depois. Aprenderam e cresceram muito com aquele acontecimento. Todos vemos isto na televisão… mas observar e viver algo assim… é algo indescritível. Abrimos realmente os olhos para o chão que pisamos.

Fui mantido durante dias, em observação… Mantive-me saudável, com a preciosa ajuda dos profissionais de saúde. Uma das enfermeiras encarregadas do meu cuidado deu-me a primeira bênção que obtive: o nome. Passei de um desconhecido abandonado a Luís Miguel…abandonado.

Depois… os anos passaram e algumas recordações perduram. De instituição em instituição… de maldade em ofensa… tudo passou e, infelizmente, tudo ficou. Há coisas que preferia esquecer. Mas velhos ditados permanecem… a vida não é perfeita… e a minha tinha estranha afinidade pela imperfeição extrema.

A forma como começa a história de uma vida costuma ser bonita… com muitas fotografias e momentos memoráveis… a primeira palavra, o primeiro passo. Não sei quando ocorreram tais momentos. Perdi o melhor da vida e, hoje, tento compensar a infelicidade a que fui sujeito e o destino que me foi traçado. Porque podem ter tirado muito de mim… mas a curiosidade e o inconformismo… são meus. Ninguém me tirará isso.

Nem hoje, nem nunca.

Finalmente, um tempinho para o blog. =)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

RIP


Cai a noite sobre a cidade. Hoje há menos uma estrela... O céu está menos brilhante, menos belo. Eu, os estudantes, a faculdade, a cidade, o mundo... todos estamos de luto. Uma alma jovem perdeu-se.

Eu sou uma pessoa fria, lido facilmente com a morte e com tudo o que esta envolve... Mas, hoje... senti tristeza no meu coração! Primeiro, porque o suicídio é uma forma extremamente arrepiante de morrer. Talvez nem 1% saiba a coragem que é necessária para cometer tal acto. Uma coisa é desespero, outra é ter espírito, vontade e coragem de pôr um término na nossa vida.

A vida é uma dádiva. É o expoente de tudo o que vamos conhecer. É o que mais se aproxima da definição de milagre!

Contudo, não critico ninguém que já não vive. Seria uma falta imensa de respeito e, além disso, seria infrutífero. Portanto, só posso desejar que a memória da tua pessoa perdure por muitos anos na mente das pessoas... Não pela forma como morreste, mas pela forma como viveste.

Descansa em paz.


O amor que deste nunca vai terminar.

AMS

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Jornada


Sigo as pegadas deixadas na neve. Marcas do sofrimento de incontáveis dias de solidão. Nítido o esforço nos minutos finais. As marcas tornam-se mais desorganizadas mas, ainda assim, mais pernetrantes.


Luto por chegar mais longe do que o meu semelhante. Embora tenha plena consciência que a derrota é o cenário mais provável, gasto todo 0o meu fôlego na tentativa de um milagre.


Milagres. Oh doce ignorância! Depois de tantas provas em contrário deste fantástico fenómeno, continuo a acreditar que é possível que as probabilidades e, consequentemente, a Matemática sejam simples argumentos e, nunca, vistos como dado adquirido.


Deixo de ser um homem de ciência. Sou, agora, alguém cuja mente vagueia pelos cantos da magia, da impossibilidade. Começo a criar em mim um poço de fé e, sobretudo, de esperança. Incrível como isso é reconfortante!


Continuo a jornada enquanto o sol se enfraquece e a noite se apodera do meu mundo. Sendo eu pessoa de luz, só há uma coisa que receio: a terrível e tenebrosa escuridão. Enquanto desce a noite, a minha reserva de fé e esperança é tudo o que me resta.


É isso que me mantém vivo e esperto para tudo o que me rodeia. É isso que me faz sorrir. No fim de contas, a noite é curta e, na manhã fria, as minhas pegadas começam a tornar-se também mais pesadas.


Talvez seja o cansaço ou talvez seja o ar gélido que tento inspirar. Não sei, nem vou chegar a saber.


Pois, enquanto me dirijo ao vale da salvação, sou um homem feliz, aoinda que não complete essa jornada.


A felicidade é, sem dúvida, o som da minha vida.


AMS

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Three years later...


Perdura na minha memória a imagem distorcida da face amigável do amor passado. É fascinante como, tendo passado três anos desde o último beijo, do derradeiro consolo, ainda hoje vejo esse momento, embora de outra forma. Embora a memória teime em reaparecer, ano após ano (era bom...), tenho, hoje, uma visão estranha desse momento.

Já não o vejo com saudade, infelizmente. Porque apesar de ainda provocar, provavelmente, um pouco de sofrimento... mostrava-me que, naquele dia, tinha vivido em plenitude o que defino como amor.

Não sinto, contudo, remorso nem tão pouco ansiedade em não querer relembrar essa memória da mesma forma. Águas passadas não movem moinhos...

Visto que tive a relação perfeita, onde a amizade imperava mas onde o carinho era algo gigantesco... onde nunca, mas mesmo nunca, nenhum de nós magoou o outro em onze meses de namoro, não sei como posso ter saudades disso. Porque uma coisa assim acontece uma vez na vida e, para mim, a palavra saudade é definida como a falta de algo que pode ser recuperado.

Há coisas sem remendo. Esta é uma delas. Não fico triste. Apenas tenho noção, hoje, que nada é inexpugnável. Quando se pensa ter uma relação perfeita... vem o oceano e separa-nos. Para quem pensa que as tecnologias resolvem o problema da distância, eu e ela somos a prova do contrário. Porque se o nosso amor era algo impressionante, brilhante aos olhos de todos que nos caracterizavam como casal... a relação não era de ferro.

Ou, se era de ferro, oxidou.

Enfim, nem sei porque escrevo! Talvez neste momento me apeteça correr até ao aeroporto e entra num avião para os EUA, mas não o faço. Porque correr, sim, poderia perfeitamente... como se não houvesse o dia de amanhã! Mas entrar no avião... não, muito difícil. Já fiquei três vezes no terminal e, como diz a senhora que me trouxe ao mundo:

"À terceira é de vez!"

E foi, à terceira, aprendi o erro.

Sem remorso, sem saudade... mas com a memória. Distorcida, mas feliz.

É verdade, as línguas e a literatura me esperam na faculdade. À terceira é de vez. Finalmente vou fazer o que amo. Obrigado a quem ainda me apoia...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

What goes around comes around


Eis que toda a minha convicção é derrubada pela força inexpugnável da realidade e da verdade. Acaba por ser um pouco triste quando não nos permitem sonhar... Cortam as bases antes de realmente descobrirmos as arestas. É triste sim, mas é a realidade.

O mundo deu hoje uma volta de 90º. Fantástico como a ilusão antiga pode tornar-se em realidade actual e como a realidade se pode transformar num imenso poço de ilusão. Tudo mudou hoje. Tudo mudou graças a duas conversas. Uma, descontraída, desinteressada mas, pela primeira vez em meses... verdadeira. Foi bom poder ver as coisas como realmente são e não como aparentam. Odeio aparências.

A outra conversa veio completar o que a minha mente já cogitava desde o primeiro diálogo. Quando chega a notícia de que as coisas não são bem como as vemos, a nossa mente tenta atirar o pensamento para algo ainda mais perturbante do que a infalível verdade.

Então, retrocedo. Retrocedo ao tempo em que a paixão visava o rubro e o meu coração tremia estonteantemente. Lembro (e vivo, agora) aquela ansiedade pelo momento do primeiro olhar.
Hoje, posso estar confuso mas agradeço mostrarem-me a verdade, ainda que esta se prove um novo mar de desilusões e mágoas. Sim, quero ser feliz! Mas também quero aprender a existir. E isso é parte essencial para mim. O (talvez) repetir erros.

Agora, anseio por o olhar que faz a minha alma jubilar e faz o meu coração contrair-se sem pausa.

Enfim, será uma daquelas situações em que me tenho de convencer do que mais acredito.

"Afinal ainda há esperança".

Assim espero.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

The Beginning


Hoje acordei com uma vontade estranha de ler o livro que acabei há alguns meses. Estranha porque nunca me tinha acontecido.

Amo escrever e ler no acto o que escrevo, no entanto, não gosto muito de ler 151 páginas que sei de cor e salteado onde o suspense já passou (porque foi criado na minha cabeça...)...

Contudo, lá relembrei alturas da minha vida. Lembro-me claramente do dia em que escrevi o prólogo. Lembro-me que comecei a escrever com lágrimas a escorrer e acabei com um sorriso no rosto mas, também, um aperto no coração. Hesitei muito antes de fazer dessas linhas o começo de algo mas a paixão pelo que amamos fala mais alto, por vezes.

A escrita de poucas linhas implementaram meses de mudança na minha vida. E fico feliz por o ter feito.

Aqui fica:

Um dia, todos vamos morrer. É um facto. Não controlamos o momento, nem tão pouco controlamos o porquê. Se alguém quiser definir aquilo a que chamamos, ocasionalmente, “destino”… terá de afirmar, inevitavelmente, que todo o destino acaba na morte.

É algo sombrio… ter o momento final traçado. Daí, alguns sentiram vontade de acreditar que esse não é o fim. É apenas mais um passo da longa jornada. Talvez o mais difícil. Respostas? Não. Incerteza? Sim.

Todos caminhamos em direcção a algo que nos faz falta. Algo que nos completa. Atreve-mo-nos a tentar a felicidade. Porque, pensamos, uma vida sem felicidade… não é vida.

Todos ansiamos por algo anormal. Aquele "click" que nos faça perceber que é aquilo que devemos fazer. Às vezes, isso até acontece. Contudo, são raros esses momentos. Assim, devemos ser nós a procurar a felicidade. Porque haveríamos de esperar que ela nos batesse à porta, quando ela anda a brincar no nosso jardim?

Temos de abrir a nossa mente… deixar que novas ideias invadam o nosso pensamento. Deixar a rotina do não pensar. Carl Sagan, num dos seus momentos de brilhantismo puro, afirmou: "Descobrir a gota ocasional de verdade no meio de um grande oceano de confusão e mistificação requer vigilância, dedicação e coragem. Mas, se não praticarmos esses hábitos rigorosos de pensar, não podemos ter a esperança de solucionar os problemas verdadeiramente sérios com que nos defrontamos - e nos arriscamos a nos tornar uma nação de patetas, um mundo de patetas, prontos para sermos passados para trás pelo primeiro charlatão que cruzar o nosso caminho".

São lemas, ideias que todos deveríamos instituir no nosso dia-a-dia. Além de nos tornar pessoas mais inteligentes, tornava o mundo em algo melhor. E, nos dias de hoje, é disso que precisamos. Esperança.

Talvez aí, todos possamos ter o nosso final feliz. Talvez a perfeição deixe de roçar o ridículo e anormal e paire pelos lados da normalidade. As histórias de amor poderiam ser perfeitas.

Assim, hoje em dia, não há histórias de amor perfeitas. Escrever uma história perfeita não seria ridículo… seria pura ficção. Até porque sonhar faz sentido… Pena que os nossos sonhos raramente se concretizem.

Só trariam mais esperança. E, reafirma-se, é disso que todos precisamos para sobreviver.

Esperança.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

The road to heaven


Ouve a melodia, deixa-te invadir pela sua beleza. Abre-te ao mundo, mesmo que o mundo não te queira conhecer. Empenha-te, trabalha, estuda, brinca. Vive. Não te deixes levar por aquela melancolia fria e desmedida de quem te rodeia. Ama-os, ainda assim. Mostra-lhes o que é ser humano. Podes sofrer mas podes, também, ser feliz. E, naquele mar gélido de não emoções, felicidade é algo utópico. Eles sonham com ela e, sol após sol, fogem dela.

Limpa as lágrimas, sê forte! Ainda há esperança! Vês as flores, ali? São a prova em como a vida é algo belo e em como tu podes inserir-te nesse mundo sem nunca te sentires excluída. Vês no Outono as folhas a cair... Porém, na Primavera, elas rejuvenescem ainda mais fortes. Completa-se o ciclo e, ao longo desse ciclo, renova-se a esperança num mundo melhor, criado por ti, por mim e por todos os que vivem desta forma. Juntos, ninguém nos supera.

Assim como as folhas ganham força com cada ciclo de vida, também nós ganhamos experiência com tudo aquilo que passamos. Há dias em que nos sentimos a morrer, interiormente. Porém, a glória está na forma como nos reerguemos perante o mundo e nos assumimos como seres fantásticos. Assumi-mo-nos como... humanos.

Não há nada melhor do que sentir que o mundo trabalha a nosso favor e, quando pensei escrever isto enquanto sentia esta chuva de Verão a bater levemente na minha pele, nunca imaginei que o retrato pintado por mim fosse de tal forma belo e tentador.

Não há mal em sonhar. Não há mal em tentarmos viver os sonhos. Porém, a ponte entre imaginação e realidade é ténue e, enquanto tentamos viver esses sonhos, aproxima-mo-nos mais da imaginação do que poderemos imaginar.

Quanto a mim, minha cara, eu continuo a viver como sempre vivi. Com uma corda atada à minha perna e presa à realidade mas com plena noção do local onde encontro a estrada para o sonho. Porque, até agora, nunca conheci alguém que quisesse completar a jornada comigo. A jornada para a felicidade.

Contudo, esse dia vai chegar. E, como sempre estarei preparado para ele, assim como para a eventualidade da sua face não ser nada do que imaginei.

AMS

sábado, 29 de agosto de 2009

To "be"


O choro é uma necessidade humana a que muitos estamos acostumados. As lágrimas funcionam como uma descarga emocional de topo… Correspondem ao nosso limite de sentimento. No fim desse momento ficamos, normalmente, aliviados… reconfortados, nem que por simples segundos. Aí as coisas parecem ter sentido. Tudo parece ter um modo de pertencer ao meio.

Há, no entanto, aqueles dias em que nada parece ter sentido. Por vezes… em vez de um dia, temos uma semana assim. É simplesmente frustrante viver desta forma. Aquela dor no peito… aquele insuportável sufoco, aquela necessidade terrível de podermos explodir.

A saudade é capaz de despertar esse tipo se sentimentos, assim como esse tipo de vivências. Uma pessoa apaixonada é como um comboio de alta velocidade. Funciona de um modo perfeito… a não ser que as linhas estejam danificadas. Aí… tudo descarrila. Ocorre aquela explosão de sentimentos… de coisas que nunca diríamos em estado lúcido mas que, naquele preciso momento, precisamos deixar escapar.

A maioria de nós vive com a ideia de que mais tarde ou mais cedo, iremos conhecer a pessoa que nos faz feliz. A nossa cara-metade. No entanto, a espera prolonga-se e a decisão adia-se. E, curiosamente, essa ânsia em conhecer a pessoa “perfeita” apenas faz com que seja ainda mais difícil para nós a encontrar. Vamos estabelecendo cada vez padrões mais altos, padrões que nem nós conseguimos acompanhar. Sim, é certo. É um facto estranho… mas a realidade é mesmo assim! Surpreendente!

Então, ao longo da vida, esconde-mo-nos cada vez mais, abstraindo-nos de tudo o que é realidade…. Prende-mo-nos no mundo da ficção e da imaginação que, mesmo sendo algo indispensável, não é tão importante como a nossa verdadeira vida. Certo é que o homem sem imaginação estaria anos-luz atrás em termos evolutivos… mas sobreviria! No entanto… a vida sem realidade… não é vida. É como viver numa prisão sem portas… e, quando vemos as portas… elas não têm fechaduras.

Saímos então para o chamado “mundo real”. Sim, aquele das decepções, da tristeza, do remorso, do arrependimento. Mas, aí, nunca perdemos a percepção do que realmente somos ou podemos ser. Não no sentido de nos conhecermos… mas no sentido de sabermos aquilo em que nos transformarmos. Todos temos algo que nos faz únicos. E, se procurarmos, essa é uma resposta que podemos sempre obter. Basta querermos procurar…sem receios da solução do enigma.

Pode o céu estar repleto de nuvens, os raios caírem constantemente, a chuva bater incessantemente…. Mas, aí, não teremos medo de descer as escadas e caminhar descalços sobre o chão molhado. Porquê? Porque vivemos e não precisamos de ser ensinados. É nosso. Aí, talvez percebamos que a aurora já chegou e que nós éramos aqueles que não a queríamos presenciar. Na realidade, não estávamos preparados para ela. Talvez tenha chegado o momento pelo qual esperavamos já há largos anos. Chegou a altura de existirmos. Sem medo do que nos espera, sem receio do que aconteça. Apenas… ser.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Obrigado. Um ano nosso.

Admito, enquanto pensava o que escrever sobre um ano de amizade única, fui tentado a adoptar um discurso optimista sobre a vida e tudo o que ela significa... Mas, como sabes, isso não sou eu.

Limpa as lágrimas, sê forte. Enche o peito de ar. Sente. Custa-me ser como sou contigo... porque, ao contrário do que acontece com quase todos, se pudesse, deixava-te entrar no meu mundo. Mas, tu própria o disseste, apesar de me aceitares, muitas vezes não me compreendes. Eu sei que para ti algo falta... Mas também sei que para mim, às vezes, é suficiente.

És daquelas pessoas que vivem de sentimentos. Negativos ou positivos...às vezes, até para ti é difícil distinguir... Infelizmente, quando se trata de sentimentos, eu sou muito pouco. Necessito de quantidades paupérrimas para preencher o meu pequenino coração. Daí, a frieza que muitas vezes encontras comigo. Porque às vezes, para mim, o calor que tu tens é algo simplesmente descabido... algo parvo que não se deve ter em conta. O que eu ignoro... é que o tamanho de um coração nunca deve ser subestimado.

Mas, sabes, talvez sejam estas diferenças que nos fazem especiais. Porque são grandes diferenças! E, enquanto nos habituamos (facilmente, na maioria das vezes) a viver com elas... crescemos muito. Torna-mo-nos melhores seres humanos. Torna-mo-nos melhores amigos.

Compreendo a tua frustração e a tua necessidade de presença física... Este é um daqueles casos em que posso mesmo dizer... "Once upon a time...", porque eu também já fui assim... E tenho saudades disso! A verdade é que tu sabes como a minha vida tem sido nos últimos tempos, mas, também, isso nem serve como desculpa.

Talvez o problema seja eu. Eu e as minhas ideologias idioticamente tendencialmente verdadeiras. Porque, desde o dia em que eu nasci... foi na presença física que todas as minhas amizades se esvoaçaram. Sim! Eu sei que tu vais achar que connosco não é assim! Que somos diferentes! E, até, talvez sejamos. O problema é que não estou preparado para abdicar de nós. Um nós tão eu e tu e tão tu e só, às vezes. Por isso, peço desculpa.

Deixa-me escrever sobre o que nunca escrevi. Deixa-me contar uma história sobre alguém que ninguém conhece.

Custa-me pensar que poucos, hoje em dia, têm a infância que eu tive. O brincar todos os dias no campo... O deitar sobre o centeio, passar as mãos nas pontas e sentir-me natureza. Tinha, naqueles tempos, um sítio onde pertencia. Não precisava de tecnologia para ser feliz. Precisava de sol, chuva, terra, vento... calor, frio! Eu, vivia!

Cresci e tornei-me, à custa de coisas nada bonitas, mas inevitáveis, a pessoa que sou hoje. Alguém que provavelmente parece uma criança de 12 anos quando falas com ele mas que tem lá dentro escondido um adulto de 30 anos. Alguém que olha para pessoas de 28 anos e as acha ridículas porque, na verdade, não sabem o que é a vida.

Não sei sobre o que escrevo, mais. Comecei a escrever sobre uma amizade e acabei a escrever sobre o mundo.

Essa, amiga, é a minha sina. E, apesar de me custar viver com ela, tenho a impressão que te custa mais a ti, que não vives assim, do que a mim que o faço dia após dia. Tu, de uma forma estranha, sofres por mim. E, por isso, peço desculpa.

E, desculpa também por este projecto de texto... Mas, hoje, não consigo mais. Não hoje, não assim.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Through our minds


Memórias são como remoinhos. Vão e voltam. Tento compreender a incrível tarefa que é esquecer o sofrimento, a dor... Hoje, falei com uma pessoa sobre temas que nunca pensei falar, numa fase tão precoce de uma amizade. Sim, porque uma amizade constrói-se sobre bases sólidas e fundações firmes... mas, cada uma delas... tem o seu tempo.

Lembrei os meus tempos de sofrimento puro. Aquela agonia que é viver com a corda no pescoço... O vislumbrar daquela memória num acto rotineiro... O relembrar de algo por simplesmente nos contarem uma história estúpida. É ter um dia em que cada acto, pensamento ou sentimento teu relembra passados recentes no nosso coração.

Gosto de acreditar que ultrapassar esses dias é, além de difícil, como é óbvio... uma questão de controlo. Porque, apesar de cada dia que vivemos nos fazer crer que pouco controlamos no que nos diz respeito... isso não é bem assim. Nós controlamos a nossa vida, se assim desejarmos... Contudo, nem sempre estamos dispostos ao que isso arrasta. Coisas como responsabilidade, consciência e maturidade.

Muitos afirmam que desejam crescer... Mas, no entanto, tudo o que fazem é dedicado a fugir desse mesmo objectivo. É por isso que eu admiro pessoas como tu. É a necessidade de, no meio da brincadeira, do sorriso, da gargalhada... ver a evolução que tens e tentas (penso eu).

Enfim, enquanto pensava como compreender o sofrimento e a dor... apercebi-me, de forma saloia... que tal acto apenas prolonga o que quero compreender. Porque há coisas que não foram criadas para compreender... mas para sentir. No seu tempo! Sem pressa de fugir do abismo porque o podemos escavar ainda mais mas, também, sem masoquismo. Porque a ponte entre os dois é extremamente ténue e a linha que os une... untada pelos laços da incerteza. A incerteza sobre aquilo que somos e aquilo que sentimos. Ou, melhor, na maioria das vezes... a dúvida sobre aquilo que poderíamos ser de forma a sentir algo tão utópico quanto a questão da origem.

E, por aqui me fico... Porque as palavras são ténues e a mente é brilhante... ou não nascesse o sol daqui a alguns minutos.

Obrigado Lili (é estranho este nome e ainda me vais explicar o porquê dele...) pelo prazer da tua companhia... E, talvez... este seja aquele que vais conhecer!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Prólogo

Bem, quando comecei este blog, foi no sentido de partilhar o que gosto de fazer com pessoas que não me conhecem (sorry Lu!! :( )...

Para quem não sabe, eu escrevi um livro e estou a arranjar apoios para pagar a minha parte da edição... já que é esse o contrato que quase todas as editoras exigem hoje em dia...

Deixo aqui o prólogo do livro que comecei a escrever há algum tempo... :)

"Por muito que passemos durante a vida nunca vamos ter a certeza que isso é passado. Quando superamos? Quando estamos dispostos a seguir uma vida diferente? Um novo rumo?

Podemos simplificar e afirmar que o passado é sobrevalorizado. Damos demasiada importância ao passado, quando o presente esbarra connosco na rua. Perdemos oportunidades de conhecer pessoas ou coisas que nos poderiam fazer imensamente felizes.

Lembro-me daquele dia, quando ouvi a chuva bater estrondosamente no telhado e senti a necessidade súbita de fazer algo louco. Saí da varanda semi-nu. Comecei a descer as escadas, enquanto a água escorria pelos meus cabelos.

Andei quilómetros, desejando que a nova vida que procurava fosse algo diferente e nunca triste ou monótona. Queria aventura. Procurei uma nova casa.

Hoje, quando penso na história que vivi, na primeira pessoa, fico contente por saber que cada passo que dei, seguro ou receoso… foi algo que me tornou no homem que sou hoje. E, disso, orgulho-me.

Talvez, até, um dia… esta deixe de ser a história do sem abrigo e passe a ser a história do homem que tentou vencer o Destino. Porque, se alguma vez acreditasse que a Sorte tinha algo mau reservado para mim… esse seria o dia em que perderia a vida e, inefavelmente, a esperança."

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Puzzle!


Hoje sonhei que me encontrava em queda livre. Acordei transpirado, ainda com medo de cair. Deixei-me ficar na cama por mais uns minutos, de modo a acalmar a minha mente.

Ando tão confuso, mesmo sem me aperceber disso... As minhas atitudes são estúpidas e os meus actos confusos. Ou, então, talvez esta seja a forma de mostrar a mim próprio que não vivo sozinho, como pensava fazer.

Ontem, na brincadeira, disse que tenho três vícios: o álcool, o tabaco e o egocentrismo. Há brincadeiras que dizem muito sobre nós mesmos... Se me pedissem para reformular isso neste momento, só acrescentaria um ponto.

Na realidade, tenho quatro vícios! O álcool, o tabaco, o egocentrismo e o amor.

Engraçado como frases nos marcam e massacram a mente. Porque coisas que disse na brincadeira assumem-se, agora, como possibilidades reais.

Outras, contudo, assumem-se como coisas absurdas quando pensadas com calma. Há mesmo coisa estranha em mim!

Eu queria ser mais simpático, mais engraçado, mais bonito, mais...! Claro que queria! O facto de gostar de mim como sou não me faz perfeito! Mas não sou!

Não caio no mesmo erro que muita gente que me conhece... De acreditar que aquilo que vê é aquilo que sou. Mas às vezes, gostaria que acreditassem nisso. Facilita-me a vida. Faz-me constante comigo e inconstante com a vida. Embora a vida não seja uma linha recta, eu poderia ser menos curvo.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Love (or not) *** stupid thoughts


Estava sentado no calor, quando uma brisa me reconfortou e me fez ter esperança. Então, resolvi escrever sobre o amor (ou não).

Curiosamente, não fiquei nervoso, nem tão pouco ansioso pelo momento em que a ia ver, mesmo sabendo que fazia mais de uma semana desde a última vez que os nosso olhares se cruzaram.

Reflecti sobre o que isso significaria. A derrota exterior tinha sido admitida fazia já muito tempo... No entanto, interiormente, os meus sentimentos ainda batalhavam... Não é fácil esquecer uma paixão, mesmo que esta seja algo que cogitei como passageiro.

Com tudo isto, aproximei-me de outras pessoas que, possivelmente, têm mais potencial como seres humanos do que a minha irremediável perdição. No entanto, senti-me na necessidade de por as coisas boas de parte e deixar navegar tudo o que era negativo... A introspecção estava virada para a negatividade, mais uma vez.

A minha busca pressegue fantasmas antigos, esquecidos já pela parte da minha alma que faz dos sentimentos algo pequenino, algo...quantificável.

Contudo, sabes, o meu coração não se consegue medir! Tudo o que senti importou! E sempre vai importar! Não me preocupa que estrague o que poderia ser uma amizade razoável... se achar (como agora!) que perdi o que nos fazia especiais.

Busco o que penso ser o amor platónico. Apercebo-me hoje que te perdi na margem das águas que nunca me deixas-te navegar. Não me deixas-te mostrar como tudo o que fazia era baseado no objectivo que eramos e nunca voltaremos a ser.

Perdi-te! Mas achei-me... Não sei até quando... mas não importa. O que importa é que o passado não volta a ser presente e nunca mais te vou conjugar no futuro do meu coração.

(Ou não...)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Solidão


Dias difíceis são como a metáfora do insucesso e da tristeza. Dias difíceis fazem-nos aprender, mesmo quando não queremos.

O dia começa bem cedo, deixo a minha mãe no hospital, acompanho-a no internamento... Chega uma altura que não aguento e regresso a casa. Engraçada a forma como não suporto hospitais depois de ter andado por lá durante um ano.

Curiosidades à parte, deixei a minha mente vaguear... Sentia saudade daqueles momentos em que a introspecção é o que me faz respirar. Momentos em que me sinto tão só, mesmo com os três melhores amigos do meu lado. Tão acompanhado e tão só.

A solidão é a arte que carrega os olhos de lágrimas e nos faz sentir que a infelicidade é a Sorte, rumo e Fado. Sinto-me só. Não sei porquê. Já não sou o que era. Voltei ao André que vive do pensamento e da tentativa infinita de resolver os problemas do mundo.

Por momentos, encontro a paz naquela música que me lembra do que senti no passado. As lágrimas escorrem como se a única resposta para mim fosse a conformação e resignação à vida que tenho.

Critico quem pensa como eu... porque acho que o mundo não pode ser tão triste quanto eu. O mundo deveria ser um mar de sorrisos, de mergulhos disparatados e irreflectidos de modo a que a dúvida se mantivesse na nossa mente.

Porque foi a dúvida que criou tudo o que é bom, até aquela coisa abstrata chamada "amor".

Agora? Agora vou deixar a minha alma divagar e passear entre os vales sombrios. Pode ser que encontre a paz e as respostas que tanto necessito.

Paz, esconde-te. Vou procurar-te entre o rio frio e monótono que é a minha vida. Prepara-te para o meu inconformismo e a minha incerteza. Porque ela vai chegar e não será de modo suave.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Mudança


Há dias estranhos.

Ontem, foi um deles. Acordei contrariado, almocei sem vontade, olhei sem atenção. Ontem, pensei em tudo o que tem acontecido comigo nos últimos meses. Tanto mudou...

Eu, que escrevo sobre racionalidade e firmeza de decisões, fiz à poucos dias a candidatura ao terceiro curso diferente. É verdade que também escrevo muito sobre dúvida... Mas, ainda assim, nunca me imaginei o tipo de pessoa que precisa de três anos para achar aquilo que ama verdadeiramente.

Há quem diga que desperdiço a minha média... A verdade é que foi muito à custa desse pensamento que eu me vi em Análises Clínicas. Depois, fui também influenciado na segunda escolha. O trabalho está saturado, por isso mudei para algo com saída... Engenharia Informática. Tudo a ver.

Nestes anos, pouca gente me perguntou... o que é que gostas de fazer?

Essa era a pergunta que me deveria ser feita... E para a qual tenho resposta agora.

Nunca estive tão ansioso pelo início das aulas! Sinto uma necessidade tremenda de aprender! Porque vou aprender a fazer melhor o que amo.

As outras mudanças ficam para outro post... Já me sinto diferente, só de reflectir (novamente) sobre isto.

Beijinhos e obrigado a quem me tem seguido nesta fase precoce do blog.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Searching...


Todos buscamos algo especial neste misterioso mundo. Queremos encontrar aquilo que nos faz completos, felizes, realizados… Se tivéssemos de reduzir a nossa vida a algo, teria de ser a essa busca… Quando conhecemos alguém, queremos ver o melhor dela e, naturalmente, procurar aquela característica que tanto necessitamos. Alguns precisam de excentricidade, outros requerem segurança e estabilidade…outros buscam o interior ideal e perfeito. No entanto, há aquela pequena parcela que não sabe do que precisa para viver uma vida eterna na sua durabilidade.

O primeiro olhar é sempre marcante. Num pequeno instante, podemos determinar uma pessoa como ideal ou, se a má impressão surgir, como alguém a evitar. Muitas vezes estamos enganados. Apesar de o olhar de certa pessoa contar muito acerca dela, imensas pessoas escondem a sua essência… motivadas por razões indeterminadas mas, na sua maioria, razoáveis.

Quem não sabe aquilo que procura, normalmente, tenta ver o melhor da pessoa e enquadrá-la com o seu modo de viver e, essencialmente, ser. Vê determinadas características como ideais à sua personalidade e, posteriormente, tenta seduzir a pessoa de modo a criar uma relação de amizade ou, se possível… algo mais.

O nosso coração aumenta o número de contracções quando descobrimos que aquela pessoa… é a nossa alma-gémea. Claro que, numa primeira observação, almas-gémeas são um sonho, uma miragem… coisa de filmes e da não realidade. Contudo, que caracterização podemos fazer de alguém que faz sobressair a nossa personalidade natural… junto com todos os nossos grandes defeitos e todas as grande qualidades?

Alguém que nos faz, na verdadeira essência, ser! Qualificamos como… irreal? Sim, pois esse é o sonho de qualquer pessoa. Encontrar aquele ou aquela com quem podemos ser nós próprios sem esboçar o mínimo esforço.

Quero ser, sentir… viver em verdadeira liberdade. Cometer loucuras… acalmar tempestades… Destruir o ódio, a frustração. Fazer do amor a nossa lição e modo de vida. Ver alguém que considerávamos, no passado, um inimigo e, ainda assim, cumprimentá-lo e preocupar-mo-nos com o seu bem-estar e felicidade. O mundo ideal é um sonho… No entanto, nós contribuímos de forma exasperante para que esse sonho se torne a verdadeira utopia inalcançável.

Ser e Sentir


Eu nasci para ser feliz. Cresci para poder viver. Ergo-me, hoje, para poder sentir, amar e ser amado. A lua permanece suspensa, assim como a minha respiração, quando penso que a vida até podia ser perfeita. Soa a chuva nas telhas, sopra o vento. Forte, tenebroso. As janelas vibram, o chão estremece e, estranhamente, tudo começa a fazer sentido.

A minha vida não é um teste. É aquilo que eu quero que seja. Quero amar. Quero amar, beijar e, acima de tudo, ser feliz. Mas, mais que tudo, quero fazer-te feliz. A ti e a todos os que te rodeiam e todos os que conhecem esses. Quero tornar o mundo em algo melhor, algo bom, algo digno da nossa alegria.

A chuva cessou e o vento parou. Um calor estranho invade o meu quarto e faz-me pensar que não posso ter aquilo que desejo. A esperança foge e a nostalgia dos meus sonhos começa a parecer mais constante. O choro chega com lágrimas abundantes e gritos arrepiantes. A vida começa a parecer menos perfeita.

Sabes, eu largo sorrisos, solto lágrimas e percebo que nunca vou ser perfeito. Percebo que, por mais que queira, outras pessoas nunca serão perfeitas e eu, irremediavelmente, continuo a amá-las, porque preciso delas. Alimentam meu ser, fazem ser quem sou. Não há solução. Tenho orgulho naquilo que me tornei.

O verdadeiro eu solta-se por cinco minutos. Eis que a verdadeira essência do meu ser se manifesta e se esconde, logo de seguida. Tímida e receosa. Tem medo do mundo e da sua incompreensão. Medo do seu ódio e da sua ignorância.

Preciso encontrar o meu porto seguro e rebaixar meus olhos junto dela, ficar aconchegado, pensando nela porque, simplesmente, graças a isso, continuo a viver e a ser feliz, nem que seja por cinco simples minutos. Minutos são suficientes para viver mais do que uma vida. Na nossa mente, o amor é algo fantástico e perpétuo.

Felizmente, amo.

domingo, 9 de agosto de 2009

Lágrima

Às vezes somos tentados a fazer um discurso pessimista sobre a vida. A sua incerteza irrita-nos, senti-mo-nos incomodados pela sua peculiar variação. Na verdade, somos todos pequenos insectos comparados com tudo o que nos rodeia. No entanto, mesmo o mais pequeno e insignificante dos insectos é essencial para o equilíbrio de uma natureza a que também nós pertencemos.

Ultimamente, somos tentados a tentar expandir horizontes, explorar novas ideias, ignorando o facto que sempre teremos algum tipo de limitações. Esses limites, aliás, são criados por nós para estabelecer o que é normal e o que é estranho. Uma forma curiosa de definir o que conseguimos fazer e aquilo que sonhamos fazer.
Simplesmente, a maioria de nós passa ao lado do melhor que este mundo nos pode oferecer. Em sentimentos e sensações.

A criança acorda bem cedo, curiosa por toda aquela luz que vem da janela. Levanta-se sem pensar, corre até à porta e sai. Sente-se maravilhada por toda aquela beleza. O sol ilumina o vale e a criança atreve-se a dar mais uns passos. Entra no campo de centeio e passa as suas ténues e inocentes mãos nas sementes. Sente-se feliz por poder viver. Não pergunta porque vive. Apenas… vive. Não teremos todos algo a aprender com as crianças? Porque teimamos em perder toda esta vontade de existir numa fase tão precoce? As respostas são desconhecidas e, como todos sabem, só faço estas perguntas porque também eu já perdi toda a inocência que possuí.

A Lena era tudo isto. Ela tornava o impossível em algo vulgar. Não se importava em fazer algo só porque alguém lhe dizia que não era possível. Expandia os horizontes, não por sede de poder, mas por simples curiosidade. Queria viver sempre mais, sentir sempre mais.

Talvez tenhamos todos algo a aprender com ela, pois foi a única pessoa que eu alguma vez conheci que nunca perdeu a curiosidade e a graça de uma criança. Ela deixa um marco em mim e, penso eu, em vós, muito maior do que alguma vez pensou. Ensinou-nos como devemos enfrentar os obstáculos. Com dignidade, simplicidade, verdade e sinceridade.

Ela é alguém que eu não vou precisar recordar. Porquê? Porque pessoas assim não se lembram porque necessitamos. São pessoas que vivem em nós, mesmo sem querermos. São pessoas que amamos e sempre iremos guardar no coração.”.

sábado, 8 de agosto de 2009

Porque sinto e sou...


Sempre sonhei com o dia em que conheceria o mundo. Vivia na ilusão que ia encontrar algo perfeito e harmonioso, com pessoas verdadeiras, sinceras e de bom coração. Um mundo sem maldade ou hipocrisia…

Hoje, como um vidro que atinge o solo e se desfaz em mil e um fragmentos, essa minha ilusão… perdeu-se. Talvez porque a ausência nos faz pensar sobre o que realmente sentimos. Talvez porque aquela conversa nos faz crescer e aperceber de factos que ignorávamos até ali. Talvez, até, porque observamos os erros dos outros e vemos que também nós já passámos essa fronteira.

Abro meus olhos para o mundo e reconheço-o como ele é. Uma pedra de argila ressequida. Prestes a tornar-se pó. Essa é, possivelmente, a melhor metáfora que arranjaremos sobre a nossa existência.

O que senti, naquele momento em que vi uma caixa de madeira embelezada descer até às mãos da eternidade, é indescritível. Porque me fez sentir pequeno demais para tudo isto. As lágrimas, o sofrimento escondido dos mais fortes.

Hoje é o dia em que cheguei a uma conclusão que pode, ou não, mudar a minha vida. Importante é realçar a sua possibilidade… Aquilo que eu sinto… Não é nada! Porque se vivemos na ilusão que os sentimentos não são quantificáveis… enganamo-nos. Podemos não querer quantificar o amor mas deveríamos fazê-lo.

Aí, saberíamos quem nos é importante e quem nos é indispensável. Saberíamos quem são aqueles que se preocupam connosco e aqueles que simplesmente se sentam à margem e vêem a água passar.

Agora? Agora sonho com o dia em que encontrarei o amor perfeito. Porque aprendi a sonhar com esse momento, mesmo acreditando que ele não existe.

Sem esperança, não somos nada.