domingo, 10 de agosto de 2014

Não sei o que separa a coragem da morte antecipada da vida atribulada. Não sei quais cordas diferem naquilo que distingue o natural do moralmente condenável. A verdade – ou aquilo que a mim se apresenta como verdadeiro – é que provavelmente não há nada que os distinga.

Dou por mim, invariavelmente, a pensar nas mil e duas perguntas que, penso – eu, claro – todos temos. Como estamos aqui? Porque sentimos? O que é isto? O que é que isto é isto e o que é que isto significa? Odeio não saber tudo. Odeio pensar que, às vezes, é bom não saber tudo e que é isso que dá piada à vida.
          
          Porque aprendi, ou penso eu – sem qualquer tipo de dúvida – que aquilo que me faz viver é encontrar alguém com quem possas partilhar tudo. Pois dá sentido a tudo e quase faz esquecer as coisas horríveis, faz ignorar as más e, infelizmente, faz esquecer quem lá nos levou e quem nos fez tornar isso possível.
              
  A morte é, em princípio, um estado terminal. Sendo perfeitamente racional – ou tentando – é isso que penso. Portanto, talvez fazê-la chegar mais cedo seja algo não corajoso. Contudo, dou por mim a pensar em todos aqueles cujos limites são ultrapassados, abusados e usurpados. Talvez isso ajude a perceber muito daquilo que nos custa. Porque o fim não é necessariamente algo mau. Pode encerrar um ciclo, uma dor (quase) impossível de suportar.

                Mas as mil e duas questões voltam… Se isto é o fim, se tudo o que nos aguarda é uma vasta dimensão de vazio, porque devemos antecipá-lo? Porque não viver, ainda que vinte e quatro horas por dia, de forma precária? Porque haverá sempre cinco minutos em que nos sentimos bem. E sentirmo-nos bem, ainda que por cinco minutos, é muito mais do que alguns têm oportunidade…
            
   Basicamente, não sei.

                Sei o que é amar alguém e desejar que não termine. Nunca. Sei o que é esquecer – verdadeiramente, por muito que me custe admitir, ainda que te lembres praticamente todos os dias – alguém que te fez aquilo que gostas de ser hoje. Sei o que é ter arrependimento constante por não corrigir isso. Sei o que é ser cobarde e não pedir desculpas. Sei o que é achar que a culpa não é tua, ainda que seja em noventa por cento dos casos. Sei o que é esperar mais de alguém que já excedeu o seu máximo. Sei o que é viver na expectativa do milagre de um futuro perfeito.

                Não sei o que é tê-lo. Não sei o que é ter coragem de o perseguir. Não sei o que é conseguir dividir a minha vida em prioridades iguais mas diferentes. Não sei o que disse nem o que escrevi.
                Acho tudo isto cobarde e nada corajoso. Não acredito em milagres mas vivo na esperança de um me bater à porta.


                Mais uma e, espero eu, corajoso e otimista, última vez.  
               
                Continua a ser único e continua a ser Always and Forever. Em mim e, provavelmente em ti. Está mais difícil é em nós.

                Isto é estúpido.

                E há coisas que de facto não mudam, ainda que sejam palavras com mais de dois anos de idade.   
Posso pedir desculpa, é verdade. Mas isso não chega. Posso prometer mudar, mas isso não seria verdade. Não sei como mudar, nem sei tão pouco se o quero fazer.”


            Nem de perto. Nem sei como pedir mais nem outra vez.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Espero que tenhas a oportunidade de ler isto

Acabei de ver dois filmes, logo após ter acabado com todos os episódios de "Person of Interest", uma série cujos episódios têm atraído a minha atenção já como há muito a televisão não fazia. De há duas/três semanas para cá, nada capta a minha atenção... Poderia ser ingénuo e dizer que desconheço a razão pela qual isto acontece mas, a verdade (e isso é o que realmente importa) é que eu sei exactamente o que se passa.

Bem, isto é o que eu penso: as pessoas nascem e, eventualmente, morrem. Lamento, é a triste realidade. Contudo, estaria a mentir se não dissesse que o que importa na vida é o que fazemos dela. Desde miúdo, procurei a aprovação, chamemos-lhe assim, das pessoas de quem mais gostava. A minha mãe, os meus irmãos... A paixoneta de primária. Não sei porquê, juro; mas, nunca senti que realmente as pessoas apreciassem, digamos, tudo o que eu fazia de bom. E, penso eu, não era pouco.

Esforcei-me para ser o melhor da turma. Esforcei-me para ser bom ser humano. Mas, infelizmente, perdi-me no caminho. E, hoje, sou uma pessoa instável, preguiçosa e algo acomodada. Tenho tendência incrível a afastar quem mais gosta de mim, a trocar de "posto" múltiplas vezes e a não dar explicações a ninguém. Daí vem a explicação para o "possa, tu "conheces" toda a gente". Porque, na realidade, se eu tivesse oportunidade, eu conheceria toda a gente!

E, agora, onde é que isto me deixa? Bem, tudo continua a acontecer. Há uns anos, tinha uma melhor amiga. Uma pessoa fantástica que se importava comigo como ninguém. Provavelmente, amava-me e via em mim algo que eu digo ver, cheio de confiança, mas que na verdade não vejo. Essa pessoa cometeu um erro terrível... Aproximar-se. Não que eu lhe desse com os pés. Não! Eu fiz ainda pior. Eu, incapaz de dizer não, disse que não sabia o que realmente sentia (ainda hoje não sei o que sentia...) e lá veio o vulgar: vamos tentar. Ok, foi um dos maiores erros da minha vida. E hoje, nem sei que caminho segui para passar da melhor amizade ao "olá" ou mesmo o evitar trocar olhares. Talvez seja a vergonha a falar.

Enquanto isso acontecia, eu conheci outra pessoa. Aliás, eu conheci-te. Invulgar e estranha, pensei. Que é o que realmente me atrai nas pessoas... É não saber o que as motiva. Depois, até descobri que eras simples... e que a invulgaridade apenas se devia à bondade desmesurada que vivia e vive em ti. Então, pela segunda vez, construí uma amizade fortíssima... A mais forte de todas as que tive, tenho ou terei. Mas essa amizade, infelizmente, choca com o meu passado... Choca com a minha maneira de viver. Eu desprendo-me das pessoas, e não sei porquê, afasto-as. E é isso que tenho feito contigo, não é? Eu tenho noção disso... Não na altura, mas passando algum tempo, apercebo-me que voltei a magoar quem mais me quer. Quem me defende quando ninguém mais o faz. Quem sempre estará ao meu lado.

Posso pedir desculpa, é verdade. Mas isso não chega. Posso prometer mudar, mas isso não seria verdade. Não sei como mudar, nem sei tão pouco se o quero fazer. Posso não ser completamente feliz desta forma. Sei que provavelmente nunca arranjarei namorada assim (não uma que dure) mas também não quero voltar a sofrer.

A única amizade em que nenhum de nós sai magoado é uma amizade sem exemplo que tenho, desde os 8 anos de idade. Mas isso, é invulgar. Para isso, as pessoas têm de ser similares. E isso acontece.

Contigo, a amizade é única também. Mais forte, talvez. Mais intensa, com certeza. Mas nós somos tão diferentes!! Aprendemos muito um com o outro, eu sei... E espero continuar a aprender. Mas não quero que te sintas mal por minha causa, nem eu por te afastar...

Por isso, vamos marcar um cafézinho e vamos falar... Mas falar, pode ser?

E agora, a minha correcção:

"Isolamento e solidão são solução para quem é como eu. Tudo se torna claro e simples. Até somos felizes assim. Mas pessoas como tu estão destinadas a algo mais do que a solidão. Estão destinadas a fazer o bem e, eventualmente, a recebê-lo."

Posso ter dito o que disse... Mas também já te disse: "Nunca percas a esperança, porque nesse momento deixarás de existir e, acima de tudo, de viver".

Adoro-te e, for what is worth: "I am sorry."

terça-feira, 27 de setembro de 2011

T-U-D-O

Há quem procure sem nunca encontrar, quem lute sem nunca vencer, quem viva sem nunca sentir. Eu, pessoalmente, sinto-me a pessoa mais felizarda do mundo. Porque, um dia, não sei porquê (prometo!), surgiu uma pessoa (desculpem, grande pessoa) na minha vida sem eu nunca ter feito rigorosamente nada para merecer.

Não sei, sinceramente já dei por mim a pensar como esse acontecimento foi possível. Eu já tinha uns aninhos razoáveis e vivia sem a conhecer. Então porque é que hoje parece impossível eu ter sobrevivido tanto tempo sem ela ao meu lado? Acho que é um daqueles momentos que, em metáfora equacional, todas as incógnitas mudam de valor e todos os sinais trocam de polo. Mesmo os zeros já têm valor.

Aliás, acho que é a isso que tudo se resume (ou não, porque é impossível resumir... eu apenas tento!): contigo, Luh, tudo (tudo mesmo!) tem valor. Desde as minhas conversas tenebrosas sobre autópsias e mortes até à gargalhada relacionada com as pedras da calçada. Acho que se pudessemos, daríamos valor a toda a folha que cai no Outono e a tua a flor que floresce na Primavera. Ou, talvez, se pudessemos, alteraríamos as estações do ano por razões estúpidas mas verdadeiras e sentidas.

(Agora descobrirás que copiei uma frase do texto para o facebook...)

Aproveito cada dia como se do último se tratasse, até porque as surpresas acontecem e nem sempre estamos preparados para mudanças súbitas. Sempre poderei dizer que vivi no limite, magoei e fui magoado mas, mais importante do que isso, existi sem qualquer tipo de correntes a prenderem movimentos, actos e sentimentos...

(Estas linhas escrevo-las hoje...)

Viver no limite às vezes magoa-te e eu sei disso. Imagino até que te sintas desanimada comigo... Mas peço (sem argumentos, talvez), que te lembres daquilo que te disse há muito tempo. Mesmo que não o mostre e que não recebas notícias minhas, eu lembro-me de ti. Todos os dias, mais do que uma vez. E acho que me conheces o suficiente para saberes que nunca mentiria sobre isso. É em ti que tenho os meus pensamentos quando penso nas pessoas que me são importantes, naqueles cinco minutos antes de adormecer. É em ti que penso quando acordo. Às vezes penso se estarás bem, se finges que tudo está bem. A verdade é que eu consigo distinguir mas também é verdade que, apesar disso ser parte fulcral da amizade, eu gostaria de não ter de o fazer. Gostaria que sempre que te sentires desiludida, desanimada, feliz, eufórica e isso esteja relacionado comigo... que me digas e me confrontes. Tu sabes que é impossível eu discutir contigo. Eu apenas escuto e apresento-te razões e/ou um pedido de desculpas.

Tudo aquilo que sou hoje foi moldado por ti. Não vamos ser namorados, friends with benefits nem nada do género... Mas vamos ser o que temos sido: amigos. Atribuindo, realço, o verdadeiro valor que essa palavra deveria ter.  E acredita, para mim, é mais do que muito. Eu sempre disse que quando namorar, essa pessoa terá de ser minha amiga. Porque eu tenho esse requisito (talvez o único), para gostar verdadeiramente de alguém. Tu, contudo, passas essa barreira. Tu és mãe, pai, irmã, filha, afilhada. Tu és tudo.

E nunca te esqueças disso porque o dia em que te perder é o dia em que, secretamente, deixarei de viver.

Resumidamente: I love you Best Friend :)

"Always and Forever".

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Adequado, provavelmente.

Começando a escrever usando duas palavras desadequadas para a minha pessoa, "Meu Deus".

Meu Deus, parece que passou uma eternidade.

Não faz muito tempo, a vida era diferente. Não, errado. Não faz muito tempo, eu vivia de forma diferente. Acreditei, como sempre fiz, faço e farei, que sonhar é algo muito raro em mim e que, das pouquíssimas vezes que acontece, iria seguir esse sonho até à exaustão. Fi-lo e não me arrependo. Pensei que sim... que iria ficar rancor e arrependimento mas, surpreendentemente até para mim, não fica.

Acho que vejo as coisas de um prisma diferente agora. Acho que cresci em alguns aspectos mas também que, para isso, tive de abdicar de muito. Talvez disso me arrependa. O final da história é deveras feliz e isso deixa-me, obviamente, satisfeito. Mas, ocasionalmente, dou por mim a pensar se este final não poderia ser obtido sem que se abdicasse de tanto.

Uma parte de mim ficou pelo passado. É a porção triste da história. Eu gostava muitíssimo dessa parte e jamais a recuperarei. Acho que é para este tipo de situações que se usa a palavra impossível. Se tudo isto fosse uma batalha, a torre adversária seria inexpognável.

Mas não é.

Não há batalha alguma. Há partes de história que são isso mesmo: história. Se te ajudam no presente? Sim, se souberes ser selectivo naquilo que lembras. Se não o fizeres, provavelmente darás por ti a sofrer (novamente) por algo que realmente não vale a pena. Não está em causa o valor desse prossuposto mas a utilidade do que sentiste por isso. O sentimento já foi, não tentes recuperá-lo.

Cria novas pontes. Novas ligações entre ti e o resto do mundo. Podes ser mordido, arranhado pelo caminho. Mas, pelo epílogo da história, provavelmente verás que valeu a pena.

O quê?

Tudo.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

New place :)

Este blog permanecerá, contudo quero deixar aqui uma nota:


Podem, desde o dia de ontem, encontrar-me em: www.lifeisarealbook.blogspot.com. Este blog é uma iniciativa minha e da minha best friend Lu' (www.alwaysalive.blogspot.com), em que tentamos, aos poucos, criar algo original.

Passem por lá... Os resultados virão, eventualmente :)

Farewell.:)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Lets go back to day one

Eis que o epílogo se revela: o final capítulo do filme não só representa aquilo a que podemos chamar de paz enganosa mas também aquilo a que chamamos destino. Uma nova aurora se aproxima… A solidão é inevitável.

O pessimismo da palavra não é só presságio nem ideia conflituosa… É sim realidade. Triste, pura e crua. Tal como a vida de cada um de nós. A felicidade paira por aqueles que não existem. Ronda, circula os que não mais caminham entre nós. Essa realidade sim… poderá ser feliz, falsa e bem passada.

Quem disse que não podemos ser livres? Ninguém… Todos temos esse direito e dever… Contudo, quem disse que não podemos ser felizes? Bem… cada um de nós. Dia após dia, acção culminando em outra acção. Simples, não é? Pessimista, triste?

Oh well, that is called reality.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Non related: Descobri que só escrevo "bem" quando me sinto em baixo. Tristeza.

Um dia cinzento. O sol tentava quebrar a escuridão imensa trazida por nuvens espessas e confusas mas, contudo, continuava sem algum sucesso. As ruas, calcetadas a preto e branco, lembravam velhas obras-primas cinematográficas onde sem qualquer diálogo óbvio, as personagens nos prendiam segundo após segundo ao pequeno ecrã, ainda com uma antena gigante, sem prever o futuro risonho do comércio actual.

Em segundos, silenciosos passos deixaram de ser completamente silenciosos. Os sons de outrora em que a vingança se patenteava por um aproximar sorrateiro até às costas do inimigo faziam sentir-se nesse preciso instante. Alguns segundos depois, as sapatilhas; as calças de ganga; a t-shirt com a capa de promoção de um filme presenteado nos Óscares já há vários anos; tornaram-se nítidos, ainda que a luz fosse pouca.

O ar cansado, as rugas de expressão, o cabelo já grisalho. Tudo indicava um ser humano, possivelmente do sexo masculino, com histórias para contar e, algumas, para esconder. Os olhos verdes procuravam no vazio a esperança de dias passados, enquanto manifestava o que poderia ser interpretado como impaciência, ao estalar os dedos das mãos. Ou, quem sabe, aborrecimento. A busca revelava-se infrutífera, uma vez que nada parecia vir ao seu encontro.

“Um dia, não sei, talvez… Estou exausto. Dói-me tudo o que poderia algum dia doer. Magoa-me a alma, magoa-se o coração. Sinto-me, dia após dia, a morrer cada vez mais, se isso for possível. Dou asas à imaginação, procuro entre o mais variado e o mais óbvio. Fico, simplesmente, pelo impossível.”.

Pensamentos confusos, magoados, infrutíferos também. O nosso mundo funciona assim, com sofrimento mútuo. Sofremos pelo mesmo motivo mas tudo continua a não resultar. Ou é porque somos demasiado gordos, porque somos demasiados esqueléticos… porque temos rugas, cabelo branco, falta ou excesso de centímetros, demasiado à-vontade, demasiada auto-estima, demasiada timidez… Tudo falta. Mas, no entanto, nada falta.

Voltamos à grande ambiguidade que os conceitos de paixão, amor ou amizade revelam em cada uma das relações que temos, conhecemos ou ignoramos. Será o amor uma relação de verdadeiro conhecimento, encanto e sedução? Ou será esse sentimento tão procurado mas quase sempre amaldiçoado o passo final da amizade das amizades? E, se assim é, será a amizade apenas um estágio que pode evoluir para algo final? Onde se situa a paixão? No início destes conceitos ou em todos eles?

Paixão, interesse motivado por algo prezável à vista. Engraçado conceito esse que se compara ao supostamente fantástico amor. O amor sofre com a paixão e, na maioria das vezes, a paixão cai aos pés do amor. Mas, a verdadeira questão não será quando estamos apaixonados. Esse é o sentimento mais fácil de compreender e admitir. O momento em que sabemos que amamos alguém, esse sim é um momento de brilhantismo puro e de curioso lamento lacrimal pela sua não correspondência.

Sucintamente, as coisas são como são: imperfeitas. Sonhadores? Somos nós que pensamos que podemos modificá-las ou que elas se poderão modificar por si próprias. Sonhamos que um dia alguém abra os olhos e se aperceba que tudo faríamos para que o nosso pequeno mundo se tornasse perfeito. Sonhadores são aqueles, como nós, que pensam que um dia se aperceberão do que já têm e não precisarão de mais nada.

Sonhadores? Somos nós, apaixonados. Porque a paixão mata, eventualmente.