Não sei o que
separa a coragem da morte antecipada da vida atribulada. Não sei quais cordas
diferem naquilo que distingue o natural do moralmente condenável. A verdade – ou aquilo
que a mim se apresenta como verdadeiro – é que provavelmente não há nada que os
distinga.
Dou por mim,
invariavelmente, a pensar nas mil e duas perguntas que, penso – eu, claro –
todos temos. Como estamos aqui? Porque sentimos? O que é isto? O que é que isto
é isto e o que é que isto significa? Odeio não saber tudo. Odeio pensar que, às
vezes, é bom não saber tudo e que é isso que dá piada à vida.
Porque
aprendi, ou penso eu – sem qualquer tipo de dúvida – que aquilo que me faz
viver é encontrar alguém com quem possas partilhar tudo. Pois dá sentido a tudo
e quase faz esquecer as coisas horríveis, faz ignorar as más e, infelizmente,
faz esquecer quem lá nos levou e quem nos fez tornar isso possível.
A
morte é, em princípio, um estado terminal. Sendo perfeitamente racional – ou tentando
– é isso que penso. Portanto, talvez fazê-la chegar mais cedo seja algo não
corajoso. Contudo, dou por mim a pensar em todos aqueles cujos limites são
ultrapassados, abusados e usurpados. Talvez isso ajude a perceber muito daquilo
que nos custa. Porque o fim não é necessariamente algo mau. Pode encerrar um
ciclo, uma dor (quase) impossível de suportar.
Mas
as mil e duas questões voltam… Se isto é o fim, se tudo o que nos aguarda é uma
vasta dimensão de vazio, porque devemos antecipá-lo? Porque não viver, ainda
que vinte e quatro horas por dia, de forma precária? Porque haverá sempre cinco
minutos em que nos sentimos bem. E sentirmo-nos bem, ainda que por cinco
minutos, é muito mais do que alguns têm oportunidade…
Basicamente,
não sei.
Sei
o que é amar alguém e desejar que não termine. Nunca. Sei o que é esquecer –
verdadeiramente, por muito que me custe admitir, ainda que te lembres
praticamente todos os dias – alguém que te fez aquilo que gostas de ser hoje. Sei
o que é ter arrependimento constante por não corrigir isso. Sei o que é ser
cobarde e não pedir desculpas. Sei o que é achar que a culpa não é tua, ainda
que seja em noventa por cento dos casos. Sei o que é esperar mais de alguém que
já excedeu o seu máximo. Sei o que é viver na expectativa do milagre de um
futuro perfeito.
Não
sei o que é tê-lo. Não sei o que é ter coragem de o perseguir. Não sei o que é
conseguir dividir a minha vida em prioridades iguais mas diferentes. Não sei o
que disse nem o que escrevi.
Acho
tudo isto cobarde e nada corajoso. Não acredito em milagres mas vivo na
esperança de um me bater à porta.
Mais
uma e, espero eu, corajoso e otimista, última vez.
Continua a ser único e continua a ser Always and Forever. Em mim e, provavelmente em ti.
Está mais difícil é em nós.
Isto
é estúpido.
E
há coisas que de facto não mudam, ainda que sejam palavras com mais de dois
anos de idade.
“Posso pedir desculpa, é
verdade. Mas isso não chega. Posso prometer mudar, mas isso não seria verdade.
Não sei como mudar, nem sei tão pouco se o quero fazer.”
Nem de perto. Nem sei como pedir mais nem outra vez.
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