terça-feira, 22 de setembro de 2009

Jornada


Sigo as pegadas deixadas na neve. Marcas do sofrimento de incontáveis dias de solidão. Nítido o esforço nos minutos finais. As marcas tornam-se mais desorganizadas mas, ainda assim, mais pernetrantes.


Luto por chegar mais longe do que o meu semelhante. Embora tenha plena consciência que a derrota é o cenário mais provável, gasto todo 0o meu fôlego na tentativa de um milagre.


Milagres. Oh doce ignorância! Depois de tantas provas em contrário deste fantástico fenómeno, continuo a acreditar que é possível que as probabilidades e, consequentemente, a Matemática sejam simples argumentos e, nunca, vistos como dado adquirido.


Deixo de ser um homem de ciência. Sou, agora, alguém cuja mente vagueia pelos cantos da magia, da impossibilidade. Começo a criar em mim um poço de fé e, sobretudo, de esperança. Incrível como isso é reconfortante!


Continuo a jornada enquanto o sol se enfraquece e a noite se apodera do meu mundo. Sendo eu pessoa de luz, só há uma coisa que receio: a terrível e tenebrosa escuridão. Enquanto desce a noite, a minha reserva de fé e esperança é tudo o que me resta.


É isso que me mantém vivo e esperto para tudo o que me rodeia. É isso que me faz sorrir. No fim de contas, a noite é curta e, na manhã fria, as minhas pegadas começam a tornar-se também mais pesadas.


Talvez seja o cansaço ou talvez seja o ar gélido que tento inspirar. Não sei, nem vou chegar a saber.


Pois, enquanto me dirijo ao vale da salvação, sou um homem feliz, aoinda que não complete essa jornada.


A felicidade é, sem dúvida, o som da minha vida.


AMS